Um
diagnóstico de nome esquisito e complicado tem assustado as futuras mamães nos
últimos tempos. Mas o que se esconde por trás desse nome difícil? “Define-se a
hiperêmese pela presença de vômitos persistentes, associados à perda de peso
acima de 5% da massa corporal anterior à gravidez, além do acúmulo de corpos
cetônicos na urina (cetonúria), resultado da metabolização de gorduras para a
obtenção de energia. Geralmente, ocorre no primeiro trimestre de gravidez”.
A
diferença entre a hiperêmese e os quadros normais de enjoo na gravidez é a
intensidade. No primeiro caso, a paciente acaba percebendo que a náusea
ultrapassa os níveis normais e procura um médico. A situação é tão desagradável
que muitas mulheres pensam duas vezes antes de engravidarem novamente. “Elas
relutam em aceitar a ideia de gerar um segundo filho por temerem a repetição
das mesmas condições”.
A origem
do problema, aliás, é desconhecida, mas existe uma tese mais aceita pelos
médicos: “Acredita-se que essa náusea severa é provocada por um aumento nos
níveis hormonais. No entanto, a causa absoluta é ainda incerta. Estudos mais
recentes têm colocado em evidência fatores genéticos. Filhas de mães que
sofreram de hiperêmese gravídica desenvolvem a condição três vezes mais que as
outras mulheres”. Outro dado importante é o de que a doença pode surgir com
mais frequência durante a gestação de gêmeos.
Apesar de
não haver um método de prevenção, existem diversas linhas de tratamento, que
vão desde a orientação quanto a uma dieta mais adequada até a acupuntura,
passando por psicoterapia, acupressão e massoterapia. Também é indicada a
hidratação intravenosa ou a associação de remédios antieméticos,
anti-histamínicos e antirrefluxo. “Em último caso, indicamos a introdução de
nutrição parenteral”. Ou seja, alimentação por outra via que não oral,
geralmente pela veia.
Não há a
necessidade de repouso integral, mas a gestação pode ser considerada de risco,
já que há a possibilidade de desidratação grave. “Se o problema for tratado a
tempo, dificilmente haverá riscos para o feto e a mãe. Em geral, como a
hiperêmese tende a melhorar na segunda metade da gestação, a tendência é de não
haver consequências após a gravidez”, conclui a especialista.
Dra. Vanessa M. Anacleto
CRM SP 130714
Membro titular da Sociedade Brasileira de Ginecologia e
Obstetrícia
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